As Leis do Amor é, com certeza, o maior legado que as Constelações Familiares podem proporcionar como esclarecimento e ressignificação em nossas vidas.
Por isso, convido você a conhecer esses princípios fundamentais que norteiam os estudos e os valores que a Constelação Familiar organiza em sua premissa teórica e prática.
Compreender como se pratica as leis do amor é compreender como melhorar sua qualidade de vida, aumentando sua capacidade de amadurecimento emocional e sua perspectiva longeva, seja ela física ou mental.
Nesta postagem:
As Leis do Amor e a Constelação Familiar
Talvez você esteja se perguntando: “Leis do amor? Mas o amor não é um sentimento livre, sem regras?” Bom, sim e não.
O amor é livre, sim, mas também é guiado por certos princípios, que Bert Hellinger, um psicoterapeuta alemão, chamou de “Leis do Amor”.
Bert Hellinger era um grande observador das relações humanas e descobriu que, nas famílias, certas leis invisíveis operam. Ele chamou essas leis de “Ordens do Amor”. Imaginem como se fossem regras de um jogo, onde se todos jogarem direitinho, a partida flui bem.
Essas leis na verdade não são regras, mas constatações sobre os valores que praticamente todos carregam em si, porque somos seres sociáveis por natureza.
Como sociedade, estabelecemos dinâmicas que fazem parte de nossa existência comportamental. Desta forma, Hellinger observou que esses valores são norteadores ao longo dos anos, décadas, séculos.
E quais são as leis do amor?
- Direito ao Pertencimento;
- Lei da Ordem ou da Hierarquia;
- O Equilíbrio entre o Dar e o Receber.
As Leis do amor fazem sentido se estivermos diante o contexto da Constelação Familiar. Por isso, essa premissa fundamenta aquilo que entendemos como prática da constelação. Mas, cuidado para não confundir isso com salvo conduto para testes de resiliência.
Esses valores precisam estar claros como parte do cotidiano, não solução para traumas, conflitos abusivos ou justificativa para comportamentos tóxicos, levianos, maliciosos ou regimentais.
O termo amor é fundamental para compreensão destes valores observados. Não são valores ou virtudes impostas, mas compreendidas, praticadas, aplicadas em sua realidade.
Do que se trata as Leis do Amor?
Explico. E tenho certeza que fará todo sentido a você. Fez a mim muitos anos atrás e acabei norteando grande parte de minhas estratégias terapêuticas com o entendimento de nossas ligações com nosso sistema familiar.
Se você nortear suas relações com as leis do amor, criará uma corrente do bem. Estará mexendo no seu campo mórfico e enfrentando emaranhados conhecidos e também os desconhecidos.
As leis do amor são a prática das constelações familiares. Mas, para praticar, antes, é preciso entender.
Direito ao Pertencimento
A primeira lei é o “Direito ao Pertencimento”. Todos os membros da família têm o direito de pertencer a ela. Ninguém pode ser excluído ou esquecido.
Por exemplo, imagine um grande time de futebol, onde cada jogador tem o seu lugar e o seu papel. Se um deles for esquecido, o time fica desequilibrado, não é verdade?
Esta lei não diz respeito somente aos pais progenitores, mas ao sistema familiar todo. Ninguém tem o direito de excluir qualquer membro do sistema familiar. Do contrário, emaranhados surgem e carregam o campo mórfico daquela família de conflitos das mais diversas naturezas.
A exclusão do sistema familiar, provavelmente, é uma das maiores violências que o sistema familiar pode sofrer. Todos pagam pela exclusão de um membro. Há desalinhamento, desgaste e a sensação contínua de falta.
Estudo de caso sobre o Pertencimento
Vamos pensar em um jovem chamado Pedro que cresceu sem o pai por perto, e raramente o menciona. Aqui, a lei do “Direito ao Pertencimento” nos diz que o pai de Pedro, mesmo ausente, tem um lugar na história e na vida de Pedro.
Negar esse fato pode causar dificuldades emocionais para Pedro, como se parte dele estivesse faltando. Ao reconhecer o lugar do pai em sua vida, Pedro honra a primeira lei do amor.
É importante compreender que admitir o lugar no sistema familiar não dá o direito do pai fazer parte da vida do filho, principalmente, se essa relação for marcada por algum tipo de abuso. O fato de reconhecer o lugar de todos, não é sinônimo de viver.
Pense que o pertencimento é um valor profundo que atinge gerações de pessoas ao longo da linha do tempo. Não pense somente nos seus progenitores, mas em toda a cadeia de indivíduos que vieram antes, séculos atrás.
Essa consciência pode ser assustadora, reveladora e espetacular.
Distorções nas leis do amor
Entenda que admitir a existência e a dinâmica das leis do amor pode representar certas interpretações levianas. Porque ninguém pode forçar ninguém a fazer qualquer tipo de reconciliação.
Aceitar o pertencimento no sistema familiar é algo subjetivo, abstrato, de projeção sobre a consciência de que todos têm lugar, mas não o direito de participar de determinados núcleos.
O enfrentamento destas distorções é fundamental para preservar a concepção e a identidade do pensar sistêmico. Não dá para tratar tudo da mesma forma. Não dá para pessoas manusearem as leis do amor em mediações traumáticas, conflituosas ou criminosas.
Não dá para mediar situações onde abusadores sustentam o direito de serem perdoados pelos abusados por conta do pertencimento. A dinâmica não é essa. Quem prega isso não entendeu aquilo que Hellinger postulou em sua jornada.
A Lei da Ordem ou Hierarquia
A segunda constatação nas leis do amor é a ordem ou a hierarquia. A ordem de chegada conta no final de uma competição, não é mesmo? O sistema familiar não tem vencedor, mas tem ordem de chegada. Quem vem primeiro já tem uma história.
Os que chegaram primeiro devem ser respeitados pelos que chegaram depois. É como respeitar a fila do pão na padaria, quem chegou primeiro é atendido primeiro.
Isso pode ser desafiador, uma vez que também somos regidos pelas dinâmicas socioculturais da região, da etnia, da origem, da linha do tempo.
No entanto, o fato é que a compreensão da ordem diz respeito a carga de experiências que uma pessoa trouxe para o sistema familiar. Ele é referência de aprendizado, de posicionamento, de amadurecimento, de construção de valores e virtudes.
Estudo de caso sobre a Ordem ou Hierarquia
Agora, imagine a família Silva, onde o filho mais novo, João, costuma tomar decisões importantes que normalmente caberiam aos pais ou ao irmão mais velho. Essa situação desafia a lei da Ordem.
João, como membro mais jovem, deveria honrar e respeitar o lugar de seus pais e irmãos mais velhos. Quando a família Silva reconhece a importância da ordem, cada membro pode encontrar seu verdadeiro lugar e papel na família.
É valido compreender que a hierarquia das leis do amor na dinâmica prática da constelação familiar não leva em consideração o gênero. Afinal de contas, precisamos compreender que homem e mulher não podem ter distinção diante a cultura da sociedade patriarcal.
Precisamos lembrar que a ordem diz respeito ao membro mais velho. A dinâmica está atrelada à linha do tempo, a quantidade de experiências que o membro acumula em sua jornada.
Tenho a vaga impressão que a cultura asiática permite mais facilidade nesta dinâmica, mas é de se refletir mais a respeito disso no contexto brasileiro.
A Lei do Dar e do Receber
E a terceira lei é a do Equilíbrio entre o Dar e o Receber. Numa relação, o que se dá e o que se recebe deve estar em equilíbrio.
Pense nisso como uma gangorra: quando um lado fica muito pesado, o outro sobe, certo? Para a gangorra ficar equilibrada, os dois lados precisam ter o mesmo peso.
Essas relações do dar e do receber podem ser usadas em qualquer contexto de relacionamento, pois as dinâmicas têm a mesma origem.
Os relacionamentos podem ser familiares, afetivos, amorosos, comerciais, financeiros, culturais. Seja qual for o interesse da relação, envolvendo pessoas, há de se ter esclarecimento sobre o dar e receber.
Numa relação desigual, um dos lados sempre estará se sentindo inferior. Não é saudável emocionalmente, mesmo que não esteja consciente esse sentimento.
Estudo de caso sobre dar e receber
Imagine um casal, Ana e Carlos.
Ana sempre faz sacrifícios pelo relacionamento, enquanto Carlos recebe esses gestos sem oferecer muito em troca. Com o tempo, Ana pode começar a se sentir exausta e ressentida.
Se eles se esforçarem para equilibrar o que dão e recebem, seja em gestos de carinho, tempo ou esforço, a relação pode se tornar mais harmoniosa e satisfatória para ambos.
Percebe como a relação entre eles estão desigual? À princípio, essa perspectiva pode ser tolerada e até apreciada. No entanto, não estabelece igualdade porque um sempre estará dando demais e a conta um dia chega de alguma forma.
Observações sobre o dar e o receber
É importante compreender que esse artigo não contextualiza os abusos ou as patologias emocionais. Tratarei sobre isso em outro artigo.
Relacionamentos abusivos não são tratados com tolerância e resiliência. Pelo contrário! É importante entender que crimes e abusos não podem ser, novamente, tratados com tolerância por quaisquer que sejam os agentes instituídos das leis do amor.
Os transtornos de personalidade precisam ser tratados com intervenções terapêuticos e acompanhamento psiquiátrico. A estratégia de associar a constelação familiar só faz sentido quando a pessoa já está assistida.
Constelação Familiar não é solução para transtornos de personalidade ou relativização de crimes e abusos. Essa premissa precisa estar bastante esclarecida.
Como colocar as leis do amor na prática?
Mas como podemos colocar essas leis em prática no nosso dia a dia? Joan Garriga, um psicólogo espanhol e seguidor de Hellinger, nos dá algumas pistas.
Ele diz que devemos “honrar o que veio antes”, ou seja, reconhecer e respeitar a nossa história e as pessoas que fizeram parte dela.
Ele também nos lembra que “cada um deve carregar o seu próprio peso”, ou seja, somos responsáveis pelas nossas próprias vidas, pelas nossas próprias escolhas.
Jogar a responsabilidade sua conduta ou comportamento tóxico sobre o sistema familiar é distorcer aquilo que está posto conforme o contexto do legado de Hellinger.
As Leis do Amor não são regras rígidas ou obrigatórias. Elas são mais como orientações que nos ajudam a navegar pelos relacionamentos da nossa vida. Como uma bússola que nos ajuda a encontrar o caminho quando estamos perdidos.
E lembre-se, o objetivo dessas leis é sempre o mesmo: o amor. Porque, no final das contas, o amor é a lei mais importante de todas.
Quem é Isabela Falcon?
Isabela Falcon é psicanalista, consteladora e psicopedagoga de grande experiência. Já atendeu mais de 1000 clientes e hoje se dedica aos estudos psicanalíticos desenvolvendo a técnica da análise sistêmica.
Com grande experiência e inúmeros atendimentos com terapia psicanalítica, desde o início dos anos 2000, Isabela hoje traz abordagens singulares únicas com a Constelação Familiar como método racional e científico.
Isabela Falcon fala sobre a dificuldade de ter todos os dias um bom dia. Nem sempre é sobre isso e está tudo bem.
Sediada em Curitiba, Isabela Falcon também faz atendimentos em psicanálise e Constelação Familiar Online usando as ferramentas de interação virtual como WhatsApp e google meeting.
Com clientes em muitas partes do Brasil e do mundo, Isabela se torna uma grande referência em Constelações Familiares.
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