Isabela Falcon

Coach não é terapeuta nem psicanalista

coach não é terapeuta nem psicanalista. Isabela Falcon explica isso

Psicanalista que se preze não pode agir como coach, usando frases de efeito ou persuadindo seu cliente a comportamentos clínicos sem acompanhamento.

Nessa postagem, reflito sobre a responsabilidade de profissionais vinculadas a sua formação. Não dá para brincar de terapeuta, não dá para se intitular terapeuta por conta de formações rasas, distorcidas, equivocadas, sem sentido lógico ou científico.

É uma reflexão necessária ante tanta gente que produz conteúdo sem responsabilidade em suas redes sociais.

Psicanalista de verdade

Como entender quem é ou não psicanalista de verdade?

Uma das pistas mais relevantes para um profissional com estudos responsáveis sobre o legado de Freud e outros psicanalistas é o poder da escuta.

Quem não escuta, quem muito fala, quem muito se expressa no processo terapêutico, não é psicanalista.

Pode ser outro tipo de profissional, mas não pode se intitular ou agir como psicanalista, como analista, como psicoterapeuta.

Características de um bom psicanalista

A profissão de psicanalista exige uma série de habilidades e atributos. De acordo com especialistas no campo da psicanálise, aqui estão algumas das qualidades mais importantes que um bom psicanalista deve possuir:

  1. Empatia: A capacidade de entender e compartilhar os sentimentos de outra pessoa é essencial. A empatia ajuda o psicanalista a entender a perspectiva de seus pacientes e a oferecer uma resposta terapêutica adequada. Sigmund Freud, o pai da psicanálise, enfatizou a importância da empatia em sua abordagem terapêutica.
  2. Paciência e Resistência: O psicanalista deve ser capaz de suportar longos períodos de incerteza e desconforto emocional sem se tornar impaciente ou ansioso. Donald Winnicott, um psicanalista britânico, afirmava que a paciência é uma das qualidades mais importantes para terapeutas, pois permite que eles se acomodem ao ritmo do paciente.
  3. Abertura para o Inconsciente: Segundo Jacques Lacan, o psicanalista deve estar aberto ao que está oculto no inconsciente do paciente. Isso implica a disposição de explorar os medos, desejos e conflitos mais profundos de uma pessoa.
  4. Habilidade para Lidar com Transferência e Contratransferência: Freud também destacou a importância de compreender e lidar com os fenômenos de transferência (quando o paciente projeta sentimentos sobre outras pessoas no terapeuta) e contratransferência (quando o terapeuta projeta sentimentos sobre outras pessoas no paciente).
  5. Curiosidade Intelectual: Um bom psicanalista deve ter um desejo constante de aprender e entender melhor a natureza humana. Carl Jung, colega e discípulo de Freud, acreditava que a busca contínua pelo conhecimento e compreensão é fundamental na psicanálise.
  6. Integridade Ética e Profissional: Esta qualidade, sublinhada por todos os profissionais na área, garante que o psicanalista conduza sua prática com respeito, privacidade e cuidado com seus pacientes.
  7. Habilidade para Escutar Ativamente: A psicanálise depende fortemente da capacidade do psicanalista de ouvir e compreender o que o paciente está dizendo e o que está sendo comunicado de maneira não verbal. Esta qualidade é apoiada por muitos autores, incluindo Michael Balint, que ressaltou a importância da escuta atenta na terapia.

O julgamento do psicanalista

Se você se sente julgada pelo seu psicanalista, pode ter certeza que é só impressão.

O julgamento não há, a não ser pela premissa fundamental de investigação sobre a natureza de suas emoções, atitudes, conflitos internos ou gatilhos externos.

O psicanalista cria uma atmosfera essencial para a ressignificação de questões. Nada pode ser além disso, porque quem precisa repetir, repetir, repetir para elaborar é você.

Essas qualidades são vitais para ajudar os pacientes a desvendar seus pensamentos e sentimentos mais profundos, facilitando o processo de autoconhecimento.

Constelação Familiar como terapia

A constelação familiar foi idealizada por Bert Hellinger para uma abordagem breve. Ela não é resposta nem instrumento de adivinhação para questões que estão na sombra de sua personalidade ou do sistema familiar.

Eu, inclusive, uso bastante as elaborações do legado de Hellinger para qualificar ainda mais minhas estratégias de abordagem terapêutica.

A constelação familiar foi elaborada para isso mesmo, ou seja, fundamentada nas experiências do terapeuta Hellinger, ela se tornou grande ponto de ressignificação para uma série de questões que ficam turvas no foco individual, mas fazem todo o sentido quando elaboradas no contexto do sistema familiar.

Esse tipo de intervenção pode ser em grupo ou de forma individual. Cabe a você entender qual dinâmica é a mais adequada para trazer suas questões.

Não se trata de jogo de adivinhações ou misticismo ou fé. É uma metodologia que tem sua base científica e laboratórios interessantes.

Coachs e Constelação Familiar

Caso você ainda não tenha notado, se for uma pessoa que já está há algum tempo lendo sobre o assunto, coachs estão faz anos usando dos princípios das Constelações Familiares para fundamentar soluções nas vidas das pessoas.

E, novamente, temos que sempre esclarecer questões como essa, pois as conexões afetivas do seu sistema familiar não podem ser expostas em eventos supostamente incríveis para gerar algum tipo de valor no profissional, ou dito profissional, se é que você entende a minha ironia.

Esses coachs que usam de forma leviana o legado de Hellinger como estratégia de comunicação e engajamento chamo de falsos profetas.

A formação em constelação familiar, assim como em psicanálise é permanente, nunca paramos de estudar, nunca deixamos de estudar os vínculos familiares sempre se embasando em ciência.

Quem usa isso para panfletar nas redes sociais ou eventos de grande poder de impacto presencial, são os falsos profetas.

Pop Stars Coach que usam Constelações Familiares em suas palestras, provavelmente, usam esse conhecimento para gerar algum tipo de impressão empática. Mas o fato é que distorcem em sua grande maioria as leis do amor.

Uma reflexão necessária sobre profissionais de saúde mental e emocional

Não quero aqui comprar briga com ninguém. No entanto, é importante ressaltarmos que a responsabilidade, seja com o cliente ou com a sua formação profissional, deve ser uma aplicação prática em nossas vidas.

Não vale tudo por um like, uma curtida, um engajamento em rede social ou uma venda de ingresso para um evento estratosférico.

Precisamos assegurar a dignidade de nossas atividades profissionais. A ética está inserida como ponto fundamental para qualquer atendimento em qualquer relação.

O que resta de digno quando falta a ética?

Não há nada que valha a pena sem essa premissa básica.

Caso os profissionais não compreendam seu propósito existencial, ou seja, assegurar dignidade em seus atendimentos, onde o propósito seja maior que a sua necessidade pessoal, estaremos à mercê de pessoas com alto poder de comunicação, mas pouco poder de relevância.

O coach que se comporta como terapeuta, se autoproclama psicanalista está usando uma série de premissas de forma leviana para buscar autoridade no meio de um público presencial ou virtual.

O mal da psicologia positiva

A Psicologia Positiva é um campo que foi popularizado pelo psicólogo Martin Seligman no final dos anos 90 e início dos anos 2000. Seligman, na época presidente da American Psychological Association, sentiu que a psicologia tinha se concentrado muito em doenças mentais e distúrbios e não o suficiente na promoção da saúde mental e do bem-estar.

Seligman e seus colegas, incluindo Mihaly Csikszentmihalyi, lançaram a psicologia positiva como um campo de estudo formal para se concentrar no que dá às vidas das pessoas significado, propósito e satisfação. Esta abordagem considera as emoções positivas, como alegria e gratidão, os traços positivos de caráter, como força e resiliência, e as instituições positivas, como comunidades e relacionamentos saudáveis.

No entanto, vale ressaltar que muitos dos conceitos abordados pela psicologia positiva já eram estudados anteriormente por outros psicólogos e filósofos. A contribuição de Seligman e seus colegas foi juntar esses tópicos em um campo unificado de estudo e dar-lhes uma nova ênfase e foco na pesquisa psicológica.

E onde está este mal?

Há, novamente, percepções cujos profissionais acabam transformando reflexões sobre estratégias terapêuticas em mantras existenciais. Neste sentido, o mal da psicologia pode agravar o mal do século.

E quais são essas questões distorcidas sobre a Psicologia Positiva?

  1. Simplificação excessiva das emoções humanas: A psicologia positiva às vezes é criticada por sua ênfase excessiva na positividade e na felicidade, o que pode minimizar ou desconsiderar emoções negativas ou dolorosas. A realidade é que as emoções “negativas”, como tristeza, raiva e medo, são normais e fazem parte da experiência humana. Ignorá-las ou suprimi-las pode ser prejudicial.
  2. “Tirania da positividade”: Essa é uma crítica comum que sugere que a psicologia positiva pode levar a uma pressão social para ser constantemente feliz e positivo. Isso pode fazer com que as pessoas se sintam culpadas ou envergonhadas de suas emoções negativas, aumentando o estigma em torno da saúde mental e dificultando a busca por ajuda quando necessário.
  3. Desconsideração das condições sistêmicas: A psicologia positiva pode às vezes ser vista como focada demais na mudança individual, negligenciando o impacto de condições socioeconômicas, culturais e políticas na saúde mental e no bem-estar.
  4. Ausência de uma abordagem equilibrada: Embora a positividade seja importante, também é necessário um equilíbrio com uma compreensão realista da vida e de suas dificuldades. Uma abordagem equilibrada reconhece que a vida envolve uma mistura de alegrias e desafios, e que ambos são importantes para o crescimento e o desenvolvimento humano.
  5. Uso inapropriado de técnicas de psicologia positiva: Algumas críticas apontam que a psicologia positiva pode ser usada inadequadamente, como uma solução rápida para problemas complexos ou uma substituição para terapia e tratamento profissional quando necessário.

Estratégias de efeito catártico não são soluções significativas

A catarse é um conceito que tem suas raízes na antiguidade, particularmente nos escritos de Aristóteles, que acreditava na purgação ou limpeza das emoções, especialmente através da arte e da tragédia.

Em termos psicológicos modernos, catarse é o processo de liberar e, assim, proporcionar alívio de, emoções ou tensões reprimidas.

A ideia de que experimentar uma emoção forte ou traumática pode ter um efeito de limpeza é profundamente arraigada em nossa cultura e prática terapêutica.

Porém, esse processo não é tão interessante para causar ressignificação de questões, conflitos, traumas ou aspirações procrastinatórias. Desculpem os coachs, mas gritos, urros e violência verbal não levam a nada.

Catarse significa aprendizado e transformação na psicanálise?

Na psicanálise, a catarse e a histeria são conceitos distintos, embora possam se cruzar em certos contextos. A catarse é o processo de liberação de emoções reprimidas, e foi fundamental para o desenvolvimento da psicanálise. Sigmund Freud e Josef Breuer usaram a hipnose para facilitar a catarse em pacientes com histeria, o que muitas vezes resultava na remissão dos sintomas.

A histeria, por outro lado, era uma condição psiquiátrica diagnosticada predominantemente em mulheres e amplamente utilizada nos séculos XIX e início do XX. Os sintomas eram físicos, como paralisia, convulsões, e cegueira, mas sem uma causa orgânica aparente. Freud argumentou que esses sintomas eram a expressão física de conflitos psíquicos inconscientes.

A partir daqui, podemos inferir que a catarse poderia ser uma maneira de liberar a energia emocional reprimida associada à histeria. No entanto, é crucial notar que o uso da catarse na terapia moderna é muito mais controlado e direcionado do que o entendimento original do termo, que estava mais ligado a uma liberação descontrolada de emoções.

Hoje, a ideia de histeria como foi definida no início da psicanálise é largamente obsoleta. Em vez disso, os sintomas que antes eram categorizados como histeria agora são muitas vezes entendidos como parte de condições como o transtorno de conversão ou somatoformes, que envolvem sintomas físicos que não podem ser explicados por uma condição médica.

Finalmente, é importante lembrar que embora a catarse possa ter um lugar na terapia, ela não é, por si só, uma solução curativa. A catarse pode proporcionar um alívio temporário, mas o trabalho real na terapia envolve entender as fontes de conflito e trauma e aprender estratégias para lidar com eles.

Não existe solução instantânea nem psicanalista mágico

Se você foi enganada por algum profissional que tenha incuto a ideia de resultado instantâneo, infelizmente, lamento.

Esse tipo de postura é condenável e deveria ser crime. Aliás, é crime sim. No entanto, é difícil de tipificar dadas tantas desculpas que o profissional malandro pode argumentar.

O caso é você se defender com critérios na hora de escolher sua melhor maneira de encarar esse processo terapêutico ou mesmo sua atenção nas redes sociais.

Tanto na vida analógica quanto na virtual, somos todos suscetíveis às influências ideológicas, políticas ou intelectuais. Por isso, saiba quem seguir em suas redes sociais, saiba quem dar sua atenção e audiência. Não caia em pegadinhas, gatilhos mentais ou qualquer outra forma de persuasão capaz de lhe enganar.

Sei que esse é o desafio. Mas, sempre que tiver dúvidas, procure uma pessoa de confiança, principalmente, que tenha uma sólida formação em saúde mental e emocional, e pergunte.

Vamos criar essa corrente do bem para evitar coach se comportando como psicanalista.

Quem é Isabela Falcon?

Isabela Falcon é psicanalista, consteladora e psicopedagoga de grande experiência. Já atendeu mais de 1000 clientes e hoje se dedica aos estudos psicanalíticos desenvolvendo a técnica da análise sistêmica.

Com grande experiência e inúmeros atendimentos com terapia psicanalítica, desde o início dos anos 2000, Isabela hoje traz abordagens singulares únicas com a Constelação Familiar como método racional e científico.

Isabela Falcon fala sobre a dificuldade de ter todos os dias um bom dia. Nem sempre é sobre isso e está tudo bem.

Sediada em Curitiba, Isabela Falcon também faz atendimentos em psicanálise e Constelação Familiar Online usando as ferramentas de interação virtual como WhatsApp e google meeting.

Com clientes em muitas partes do Brasil e do mundo, Isabela se torna uma grande referência em Constelações Familiares.

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